Arte Apolínea
ARTE APOLÍNEA - REFERÊNCIAS PESSOAIS
TEXTO BASE - TEORIA
As tradições artísticas "apolínea" e "dionisíaca" se contrapõe, sendo ambos os conceitos criados pelo filósofo Friedrich Nietzsche. O teórico tinha como premissa principal as considerações sobre os impulsos artísticos dionisíacos e apolíneos formarem as artes dramáticas.
“(...) contemplo duas divindades artísticas dos gregos, Apolo e Dioniso, e nelas reconheço as representações vivas de dois mundos de arte que diferem essencialmente em sua natureza e seus fins respectivos. Apolo (...) pode sozinho suscitar a felicidade libertadora na aparência transfigurada; enquanto que, ao grito de alegria mística de Dioniso, o julgo da individualização se rompe, e se abre o caminho para as causas geradoras do Ser, para o fundo mais secreto das coisas (...)”
(A origem da tragédia, de F. Nietzsche)
Os Apolíneos se baseavam no pensamento lógico e na razão em suas ações e suas obras, contendo traços como a racionalidade e o intelectualismo. Já os dionisíacos se baseavam no instinto e na emoção para construírem suas obras, estando presente nelas a irracionalidade, a busca pelo êxtase, a ignorância e a indulgência sexual.
REFERÊNCIAS PESSOAIS
- Obra de Arte
Litografia de Jean Baptiste Debret - 1839
- Literatura
Poema de João Cabral de Melo Neto
Morte e Vida Severina
O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
- Arquitetura
Comentários
Postar um comentário